Nos meus vários anos como professor tenho tentado trabalhar
além da parte física, também o emocional das pessoas. Sendo com motivação
durante as aulas, passando confiança ou simplesmente escutando. Enxergo ser
muito importante esse trabalho “paralelo” com o aluno pois podemos agregar mais
qualidade de vida a essas pessoas melhorando a autoestima. Se o próprio
exercício já tem o poder de mexer com ela, uma palavra, um elogio e até um
conselho podem te dar ânimo e bem-estar para continuar a busca pelos objetivos,
mesmo que sejam difíceis.
São muitos os aspectos e por vezes complexos. A vida
atribulada oscila entre um dia muito bom e um dia péssimo. E isso influência as
pessoas de varias maneiras desde a excitação e a ansiedade total até a
depressão. Não cabe a nós profissionais da educação física fazer o trabalho do
psicólogo, mas somos sim os mais acessíveis para o desabafo daquele dia,
naquela hora. E é justamente por estar envolvido em algum momento do dia com
diferentes alunos, que podemos criar perfis diferentes, trabalhando além do
físico também a mente!
Tenho percebido um perfil interessante em alguns alunos que
me intriga e ao mesmo tempo preocupa. São aqueles que se cobram demais. A auto
cobrança a princípio é benéfica, pois permite a pessoa procurar seu objetivo
respeitando, por exemplo, horários de treino, dietas, e tudo o quê está ao
alcance para se chegar a ele. Isso é ótimo, motivador e gratificante, pois vai
conseguir chegar onde quiser.
Por outro lado, o excesso de cobrança pode ter efeitos
devastadores. Pessoas que se cobram demais tendem a ficar ansiosas e
insatisfeitas, achando defeito em tudo. Parece-me lógico que essa insatisfação
leva a pessoa ao medo, inflexibilidade e intolerância, e pior, com relação a
ela e com relação às pessoas do seu cotidiano, frustrando-se facilmente. Pensar
negativamente e ser pessimista é de praxe. Ansiedade? A depressão está logo
ali...
Procurei ler sobre isso, mas nada muito específico. É de consenso
que as pessoas perfeccionistas são as mais ansiosas e que se cobram demais (me
identifiquei, é verdade), frustrando-se muito facilmente, criando barreiras e
até desculpas para uma possível falha ou fracasso.
Precisamos ser mais humildes e aproveitar a vida. Fazer o
que devemos, mas levar com naturalidade. Não existe um discurso melhor do que
colocar a saúde e a vida na frente de todas as outras coisas que pretendemos
fazer. Não sou psicólogo, mas posso dizer que a motivação que devemos ter é de
seguir tentando sempre e aprender com as desilusões. Tudo pode acontecer no
caminho para o seu sucesso e isso inclui o fracasso! Não conseguiu, tente de
novo. Machucou? Paciência, procure se tratar e estabeleça outros objetivos! Não
conseguiu chegar naquele peso, naquela distância ou colocar aquela roupa? Vai
em frente com alegria! Viva intensamente e faça amigos, viagens, gaste
dinheiro! Se cobre muito pra ir a uma festa, mas nunca por não conseguir
realizar aquela corrida daquela maneira! Se você está percebendo que se cobra
demais, comece a ver o outro lado e aproveite os momentos de satisfação que a
vida lhe proporciona. Vai ver que tudo será diferente!
Até a próxima
Prof. Esp. Rodrigo Sacilotto